Ordo Fratrum Minorum Capuccinorum PT

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updated 4:51 PM UTC, Apr 18, 2024

Duas irmãs da grande Família Capuchinha

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Prot. N° 00290/22

A todos os Frades Capuchinhos
e a todas as Irmãs Capuchinhas
de Madre Maria Francesca de Jesus, Anna Maria Rubatto
e de Madre Maria de Jesus, Carolina Santocanale

Duas irmãs da grande Família Capuchinha

Caríssimos Irmãos
e Caríssimas Irmãs

O Senhor vos dê a paz!

1. É com grande alegria e gratidão ao Senhor que no dia 15 de maio de 2022 festejamos a celebração da canonização de Maria Francesca di Gesù (no mundo Anna Maria Rubatto) fundadora das Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto e de Maria de Jesus (no mundo Carolina Santocanale) fundadora das Irmãs Capuchinhas da Imaculada Conceição de Lourdes; duas mulheres que souberam responder às necessidades dos mais pobres. Este acontecimento é também um sinal vivo e brilhante da profunda comunhão entre a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e a grande Família, que foi crescendo gradualmente ao longo do tempo, reunindo muitos Institutos femininos e masculinos.

2. Os dois Institutos passam a fazer parte da grande Família Capuchinha com o decreto de agregação do então Ministro geral, fr. Pacifico da Seggiano: aos 10 de junho de 1909 para as Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto e aos 8 de dezembro de 1909 para as Capuchinhas da Imaculada Conceição de Lourdes. Desde então compartilham conosco o dom que São Francisco de Assis recebeu do Senhor: viver juntos na pobreza e na minoridade.

3. As duas Fundadoras encontram os Capuchinhos, em tempos e modos diversos, na pessoa do Pe. Angelo da Sestri Ponente para Madre Rubatto e do Pe. Giovanni Maria Schiavo para Madre Santocanale. É assim que no nascer dessas fraternidades floresce o viver sem nada de próprio onde Deus é o Tudo, o Bem e o Sumo Bem. Como foi para São Francisco, fiel discípulo de Cristo, a pobreza e a fraternidade tornaram-se para elas sinal de um amor humilde, que nada retém para si e que encontra, no devolver tudo a Deus, a paz autêntica, a perfeita alegria e a unidade de comunhão.

4. Durante o tempo em que a unificação da Itália estava sendo construída, as duas irmãs uniram, cada uma ao seu modo, o norte, onde Madre Maria Francesca di Gesù (Rubatto) trabalhou e o sul, onde trabalhou Madre Maria de Jesus (Santocanale), com uma linha de continuidade que tem como elo a caridade e a dedicação aos mais pobres. Pobres que para Madre Rubatto foram também os muitos que emigraram da Itália para chegar ao Uruguai, Argentina e Brasil. Pobres que para Madre Santocanale eram os que tinham perdido tudo nas terras da Sicília; entre eles os que estavam sozinhos, órfãos ou sem qualquer assistência e apoio material.

Das breves notas de vida que se seguem, podemos apreender quão fecundo se tornou o seu "sim" e como a abundância de graças que o Senhor lhes concedeu também refluiu para os frades capuchinhos.

5. Maria Francisca de Jesus, batizada com o nome de Anna Maria Rubatto, nasceu em Carmagnola (Turín), aos 14 de fevereiro de 1844. Aos quatro anos, faleceu seu pai e quando tinha dezenove anos também perdeu sua mãe. Desse modo, deixou sua cidade natal para se transferir a Turín. Aqui ela se torna companheira da nobre Marianna Scoffone, dedicando-se também aos doentes de Cottolengo e ensinando o catecismo.

No verão de 1883 estava em Loano (Génova). Saindo da igreja, encontra um jovem trabalhador braçal ferido na cabeça por uma pedra caída de um andaime. Imediatamente o ajudou. O edifício em construção destinava-se a uma comunidade de mulheres para a qual o Capuchinho, padre Angelico de Sestri Ponente, estava procurando uma diretora. Intui que Anna Maria é a pessoa que procurava.

Ela ficou surpresa: tinha 40 anos e uma vida bem estável. Depois de intensa oração e o conselho do Diretor espiritual e de São João Bosco, decide de fazer parte da nova família religiosa. Assim, aos 23 de janeiro de 1885 nascia o Instituto das Irmãs Terciárias Capuchinhas de Loano (a partir de 1973 Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto).

Com o novo nome de irmã Maria Francesca di Gesù, por mandato do Arcebispo de Gênova, Anna Maria é a primeira superiora. Depois de apenas três anos, o Instituto estava em pleno crescimento. Em 1892 abre pessoalmente uma casa em Montevidéu (Uruguai). Em 1899 abre a Casa de Alto Alegre, no norte do Brasil, em auxílio da missão "São José da Providência" dos frades capuchinhos. Em 13 de março de 1901, apenas dezoito meses após a chegada das freiras, todas as sete religiosas foram assassinadas junto com os 4 frades capuchinhos, duas terciárias e 240 fiéis.

Em 1902 Madre Maria Francesca embarca em sua última viagem, que durará dois anos, de Génova a Montevidéu. Morreu em Montevidéu aos 6 de agosto de 1904. Aos 10 de outubro de 1993, na basílica de São Pedro, foi beatificada por São João Paulo II.

6. Maria de Jesus, batizada com o nome de Carolina Santocanale nasceu em Palermo aos 2 de outubro de 1852. Desde a infância cultivou o desejo de entrar no mosteiro de Santa Caterina, encontrando oposição por parte dos seus pais.

Em 1880 mudou-se para Cinisi na casa de sua avó. Depois de uma longa doença com a ajuda do pároco e depois de ter encontrado o beato Giacomo Cusumano, que tinha iniciado o "Boccone del povero", iniciou uma nova obra na esteira da Regra Franciscana. Aos 13 de junho de 1887, na igreja do Colégio de Maria, em Cinisi, recebeu, junto com outras moças, o hábito terciário.

Como o local escolhido para a vida comum era insuficiente, obteve permissão dos pais para morar na casa dos avós. Aqui se mudou com suas primeiras companheiras aos 11 de fevereiro de 1891, iniciando seu apostolado: visita e serviço aos pobres e aos doentes. Mais tarde, ela também acolheu um certo número de órfãos.

Aumentando ainda mais o número de irmãs, sentiu a necessidade de se dar uma Regra, que lhe foi concedida, juntamente com o decreto de agregação do Instituto à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Aos 13 de junho de 1910, Carolina, com o novo nome de Maria de Jesus, vestiu o hábito capuchinho.

A Primeira Guerra Mundial fez sentir as suas consequências dramáticas também no Instituto, mas as provas tornaram-se ainda mais severas quando o Arcebispo de Monreale, mesmo elogiando o trabalho realizado, sem meios de subsistência, a convidou a encerrar o noviciado.

O desânimo e os mal-entendidos acabaram afetando sua saúde. A "Senhora", como era chamada com respeito e devoção pelo povo de Cinisi, foi obrigada a se mudar para Palermo junto a seus irmãos para tratamento. Recuperou as forças e voltou para o Instituto. Aos 24 de janeiro de 1923, o Arcebispo enviou-lhe a ordem de reabertura do noviciado e o decreto de confirmação do Instituto. Ela morreu aos 27 de janeiro de 1923 em Cinisi. Aos 13 de junho de 2016 foi beatificada na catedral de Monreale.

7. O grande valor da agregação à Ordem, presente nesta dupla canonização, recorda a participação nos preciosos e únicos bens espirituais do carisma franciscano, ao qual nos sentimos fortemente enraizados e ligados. O sustento será de ajuda mútua para crescermos juntos na adesão e no anúncio do Evangelho.

8. Vocês, queridas irmãs, nos restituem e nos mostram que viver o serviço simples, humilde, constante, fiel, realizado com alegria, sem reivindicar reconhecimento, constrói e vivifica a mesma fraternidade, mas acima de tudo recordam nosso estar com o pessoas, dando respostas concretas e vivas aos seus sofrimentos. Obrigado queridas irmãs por nos chamarem nós frades ao nosso dever continuar, segundo a conhecida expressão, "frades do povo".

9. O meu desejo, queridas irmãs, é que saibais manter o vosso estilo de vida, não na simples repetição de gestos ou costumes, mas revivendo a intuição e a inspiração fundamental das vossas Madres Fundadoras: em última análise, a capacidade de amar a todos e a cada um, querendo o melhor para eles. Que o vosso serviço ao "leproso" de hoje tenha sempre como fundamento o rosto de Cristo crucificado e o olhar materno de Maria, a Virgem Imaculada.

10. Queridos frades e queridas irmãs, estas duas mulheres que a Igreja nos mostra hoje na sua santidade de vida, venham em nosso auxílio e intercedam por nós a verdadeira paz e a autêntica unidade e comunhão, mostrando-nos como ser, ainda hoje, dóceis instrumentos nas mãos do Senhor, inclinados sobre as necessidades dos homens, para fazê-los saborear a bondade de Deus e orientar a Ele o mundo inteiro.

Eu vos abençoo.

Fraternalmente

Roma, 12 de maio de 2022
Memória de são Leopoldo Mandič

Fr. Roberto Genuin      
Ministro General OFMCap.

Última modificação em Segunda, 16 Mai 2022 14:34