Ordo Fratrum Minorum Capuccinorum PT

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updated 4:57 PM UTC, May 7, 2024

A despedida de Fr. Bernardino de Armellada da visão deste mundo

Roma. Após o recente falecimento de Oktavian Schmucki, grande estudioso de São Francisco e do Franciscanismo, deixa-nos um outro grande confrade que tanto escreveu e trabalhou aqui em Roma. Trata-se de Fr. Bernardino de Armellada, no século: Agostino García Perez. Tinha 88 anos de idade, 70 de vida religiosa e 64 de sacerdócio. Ultimamente, encontrava-se na enfermaria, em Madri. Os confrades que o assistiam narram o agravamento do seu estado de saúde, do qual ele estava bem consciente. Quase dois meses atrás, ficaram surpresos com suas palavras de adeus: “Bendito seja Deus, até breve, irmãos”. E ontem, 22 de fevereiro, Fr. Bernardino partiu serenamente ao encontro da Irmã Morte.

Em 2010, por ocasião dos 80 anos de Fr. Bernardino, a Pontifícia Universidade Antonianum publicou em sua honra a coletânea “Religioni et Doctrinae”, organizada por Fr. Aleksander Horowski, Presidente do Instituto Histórico. Na circunstância, ele apresentava Fr. Bernardino como “perito em Duns Scotus, historiador fecundo e docente apreciado e procurado”. Sabemos, além disso, que filosofia e história foram seus dois grandes campos de pesquisa.

Nascido em uma família de trabalhadores, quarto de oito filhos, revelou desde pequeno o seu amor aos estudos. Com a idade de dezessete anos, ingressou no noviciado de Bilbao. Os anos seguintes à filosofia – três em Montehano e um em León – estimularam-no à “búsqueda de Dios a través de las últimas causas” (a busca de Deus a partir das causas últimas), como ele dizia. Obteve, sucessivamente, a licenciatura em teologia pela Universidade de Salamanca. Depois, pela Universidade Gregoriana de Roma, obteve o doutorado, defendendo o pensamento scotista sobre o primado do amor em relação ao fim último da vida humana. Em Roma, Fr. Bernardino frequentou os cursos de notáveis teólogos, como Pe. Zoltán Alszeghy e Pe. Juan Alfaro, chegando até mesmo a corrigir algumas afirmações deste último acerca da gratuidade dos dons sobrenaturais. Em 1964, na Alemanha, também teve contato com o renomado teólogo alemão Karl Rahner, ao qual apresentou um trabalho seu acerca da doutrina do sobrenatural.

As grandes figuras do mundo franciscano (Boaventura, Scotus, Ockham, Lourenço de Bríndisi) foram objeto de grande parte dos seus estudos. Por ocasião do VII Centenário do nascimento de Scotus, ele proferiu uma conferência em Oxford em 1966, e por ocasião VII Centenário de sua morte, participou com um trabalho em um dos congressos scotistas (Milão, 2008).

Entre os outros temas privilegiados de seus estudos, encontra-se a mariologia, em particular, a Imaculada, segundo os diversos autores franciscanos. “A Virgem Maria – disse em uma entrevista – foi sempre companheira materna na minha espiritualidade desde os anos do seminário”.

Considerado o maior conhecedor da teologia de São Lourenço de Bríndisi, ele publicou pela B.A.C. o “Mariale” do “Doctor Apostolicus”.

Fr. Bernardino, em 1985, foi enviado a Roma como professor no Instituto de Espiritualidade e secretário de língua espanhola na Cúria Geral e, além disso, como vice-postulador da causa dos mártires espanhóis da Província de Castela.

Fr. Bernardino era conhecido por seu amor à Igreja e por sua dedicação e fidelidade a ela e à sua doutrina. “Ele – escreveu Fr. Benedict Vadakkekara – era muito ligado à Ordem Capuchinha e era orgulhoso de vestir o hábito aonde quer que fosse”.

Com esta fidelidade a Deus, à sua Igreja e à Ordem Capuchinha, apresentou-se ao compromisso com a Irmã Morte, que, certamente, encontrou-o com tudo em ordem para ser admitido, por Graça, à contemplação do Rosto de Deus.

Última modificação em Quinta, 15 Março 2018 08:01